Pedras Negras é uma Comunidade encravada à margem do rio Guaporé,município de São Francisco do Guaporé-RO.
Jamais,imaginei que aí eu viverei uma aventura única e inesquecível!
Desde a preparação,a viagem – tudo foi uma experiência sem igual!
Nunca tinha viajado de voadeira por tanto tempo, e para uma Comunidade tão distante, rio a fora! Quanta coisa poderia estar “escondida”, como surpresas interessantes ou mais difíceis!Muita água, sol e chuva demais, na ida e na volta. Até nos perdemos no rio, graças a Deus por pouco tempo.Sensação desagradável!
Confiança muita nos dois rapazes que me acompanharam: Zenóbio e Antonio(Totó).Piloteiros experientes,homens de uma habilidade extraordinária e de uma vida inteira com rio Guaporé.Eles se sentem em casa!
Além de me desdobrar no preparo para a viagem com: a logística, alimentação, vestimenta, galões de combustível, remédios, transportes (terrestre e fluvial), providenciar piloteiros de alta competência que pudessem me acompanhar, nesta missão específica.
Outra preocupação – Onde ficaria alojada? Afinal, eu, uma mulher sozinha acompanhada por dois homens.
Surgiram dúvidas, incertezas, medos, ansiedades. Havia deixado minhas filhas, minha família para realizar mais essa etapa do meu Mestrado.
Graças a Deus,tudo foi se encaixando e “clareando”, as nuvens turvas que surgiram neste caminho.
Mais uma vez,pedi a Deus que permanecesse comigo. Ao meu lado durante todo o tempo,dando-me forças,FÉ e coragem.
Com meus pais consegui a caminhonete e meu irmão ,Lúcio,motorista nota dez,topou levar-me até Porto Rolim do Guaporé.Antes porém,fomos a Pimenteiras apanhar os dois piloteiros e o motor do barco para na madrugada seguinte seguirmos nossa sensacional aventura.
A viagem de Colorado do Oeste a Porto Rolim - estrada péssima,um trecho longo de terra,barrancos , buracos e muita chuva.
Desafios e dificuldades inesperadas - tudo superado.
A vontade de continuar essa nova etapa da pesquisa, me animava a prosseguir e não desistir.A Esperança mora comigo.O meu objetivo maior como mestranda é buscar novos conhecimentos específicos e científicos na área etnolinguística africanista.
Necessário se faz salientar o quanto aprendi com esta Comunidade de Pedras Negras!
Hoje, tenho um novo olhar um outro modo de pensar e muito desejo de fazer algo de bom por este povo tão carente e sofrido,porém tão generoso,acolhedor e FELIZ!Só vendo para crer.
Chegando em Pedras Negras após um dia interio de viagem,sendo de barco mais ou menos sete horas.Aportamos às 22:30 hs.
Fomos recebido pelos Santiago (família do Totó),como muita hospitalidade e alegria.Pessoas maravilhosas.
Após descarregar o barco, fomos para a casa de Dona Aniceta,onde Zenóbio e eu nos alojamos.Dona Aniceta foi logo dizendo:”As caminhas estão prontinhas e cheirosas para vocês”. Palavras carinhosas que revigoraram nosso ânimo. Perguntei então_ Posso tomar um banho?_ Ah!Minha filha, não tem água, mas vou pegar um balde com água da chuva para você.
Jamais tomei um banho tão gostoso!Dormimos muito bem.
Acordamos revigorados e prontos para o trabalho.
Organizei todo o material no novo ambiente, onde passaria aqueles dias.Tudo preparado.Posso então apresentar o quadro da minha nova pesquisa:
· Reunião com as mulheres-finalidade, esclarecer a minha pesquisa;
· Entrevistas - mulheres, homens, jovens, crianças, trabalhadores;
· Visitas: Empresa Guascor,posto de saúde,escola,plantação e colheita de arroz,urucum,castanhal,poaia(raiz medicinal);
· Artesanatos usando materiais nativos.
Em Pedras Negras tudo é único! A vivência, o relacionamento das famílias, a hospitalidade, o caráter, a honestidade, enfim, convivi com pessoas que jamais sairão do meu coração. Com elas, deixei um pedaço de mim mesma, e trago dentro da minha alma, uma grande parcela do amor e carinho a mim dispensados. Sou eternamente responsável por essa gente tão simples, tão querida e tão preciosa. Jamais esquecerei os dias aí vividos.
Aqui, faço uma prece ao bom Deus-Que ELE proteja e defenda cada um de vocês, dando-lhes saúde e paz. Que essa generosidade sem tamanho, tão peculiar a essa gente, possa se diluir nas águas milagrosas do rio Guaporé, inundando os corações de todas as pessoas que possam ter a graça de conhecer Pedras Negras-paraíso isolado do egoísmo e tecnologia do século XXI.
Obrigado, Senhor, meu Deus por ter me concedido à graça de conhecer a Comunidade de Pedras Negras.
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