Diário de Bordo
Dia: 20
O clima era de grande expectativa, pois a pesquisa de campo se fará pelo Vale do Guaporé, onde existem fauna e flora belíssimas. O objetivo da referida viagem é a coleta de dados quantitativos referente às mulheres quilombolas guaporeanas, além dos qualitativos: de palavras ou expressões diversificadas supostas de origem africanas e demais dados a respeito como é o seu dia a dia, o que entendem por crenças, religiosidade, batismo; enfim conhecer um pouco a vida propriamente dita da mulher quilombola guaporeana, especificamente em Pedras Negras.
Dia: 21
A pesquisa ocorreu da melhor forma possível, pois se formou uma parceria com a SEDUC, especificamente com o Projeto Raízes, o qual a Profª. Raimunda Erineide Rodrigues coordena. Esse projeto visa o atendimento educacional das comunidades quilombolas e ribeirinhas do Vale do Guaporé.
A equipe era formada por Raimunda Erineide Rodrigues, Coordenadora do Projeto Raízes da SEDUC; Emanuel Robson de Almeida, motorista oficial da SEDUC e eu, Liana Ferraz funcionária da SEDUC e mestranda da UNIR, a qual irá defender a dissertação sobre a “A fala da mulher quilombola: identificação do papel da mulher quilombola na construção lingüística das comunidades de remanescentes de quilombo do Vale do Guaporé em Rondônia”.
Ressalta-se que, para realizar essa pesquisa tive problemas familiares de referentes à acomodação; pois se teve de embarcar a filha, Laís Jardim , de dois anos para a casa da avó em Colorado do Oeste/RO, pois a realização da pesquisa será uma viagem longa .
Seguimos o nosso trajeto até São Francisco do Guaporé; a chegada deu-se por volta das 20 horas. Preferimos dormir na casa da nossa amiga, Maria Aristida, gente muito hospitaleira.
Dia: 22
Saímos às 08 horas de São Francisco do Guaporé com destino a Comunidade de Santa Fé em Costa Marques.
Para chegarmos a Santa Fé; passamos por Costa Marques e seguimos mais uns oito km para chegar na Comunidade de Santa Fé.
Ao chegarmos à Comunidade fomos recebidos por Dona Mafalda e sua família, os quais nos acolheram super bem e com bastante hospitalidade. Até esse exato momento todo o percurso foi feito via terrestre.
Ficamos alojados na casa da Dona Mafalda da Silva Gomes e do Senhor Sebastião Rodrigues de Almeida.
À tarde ficamos repousando, descansando, arrumando as bagagens e conversando a família Gomes.
O almoço e a janta foram servidos com grande fartura de peixe frito e caldo, arroz, salada verde, feijão e farinha de mandioca.
Foi interessante o suco de torronrá (tipo de fruta como laranja), que tem um sabor delicioso.
Dia: 23
Tomamos café com a Dona Mafalda e sua filha, Dalva. Logo após iniciei a caminhada pela comunidade com o intuito de conhecê-la.
A comunidade de Santa Fé é pequenina; tem duas igrejas sendo uma católica e a outra da Assembléia de Deus. Tem a Associação Quilombola de Santa Fé. Nessa Associação funciona a Educação de Jovens e Adultos e o Brasil Alfabetizado, ambos oferecidos pela Secretaria de Estado da Educação em parceria com o município de Costa Marques.
A coleta de dados foi iniciada; quanto ao nome, idade, pai, mãe de todas as pessoas do sexo feminino, desde as crianças, jovens, adultos e idosos. Para realizar essa coleta tive o apoio e dedicação da Profª.Fernanda dessa comunidade.
Foram entrevistadas várias mulheres sobre suas vivências e foi a D. Mafalda entrevistada, que é a matriarca da comunidade, pois possui uma grande liderança no local.
Outro fator interessante é que o café da manhã é recheado de peixe frito com farinha de mandioca, pois sou fã de peixe frito. Acredito que sou um pouco guaporeana.
Na comunidade já existe energia elétrica desde o dia 24/08/2010, o que facilita a melhoria a vida da comunidade em geral. Agora a água ainda não veio é a utilizada é do poço cartesiano que cada um tem.
Dia: 24
Durante a conclusão do levantamento quantitativo das mulheres pode-se perceber claramente que as maiorias das mulheres só cuidam da casa e das crianças.
Atualmente elas não lidam na roça e nem na farinha para sobrevivência.
Segundo Dona Mafalda da Silva Gomes não tem como produzir mais a farinha, a prefeitura prometeu maquinário, mas este não veio e a população diz:
- “Mais até hoje, nada”!
Ela falou que quando tinha farinha ia para cidade vender de mercado a mercado, mas os comerciantes queriam pagar pouco. Então, ela preferia pagar 10 reais por saca e mandar pelo barco do Governo com destino a Guajará-Mirim, lá eles pagam 120 reais por saca.
Outro fato marcante é a telefonia móvel, que facilita a população entrar em contato com o mundo lá fora. Ressalta-se que a ausência de posto de saúde na localidade, portanto quando as pessoas passam mal tem de irem para a cidade, que fica cerca de 8 km da cidade.
Nessa localidade os alunos que cursam ensino fundamental ou médio vão estudar na cidade, pois a prefeitura municipal possui o transporte escolar.
Essas informações foram obtidas através dos questionários com as mulheres mais idosas
Dia: 25
Saímos logo pela manhã; a pesquisadora e Emanuel e eu com destino a Comunidade do Forte Príncipe da Beira. Essa comunidade fica cerca de 30 km via terrestre de Costa Marques.
Fomos recebidos pelo Presidente da Associação Quilombola do Forte, Elvis Cayaduro Pessoa e a Profª. Edilaine Barros Fernandes.
Conversamos sobre a vida da comunidade quilombola, as benfeitorias e as necessidades locais que a comunidade ainda necessita.
Após essa conversa informal, iniciei a caminhada de casa em casa, juntamente com a Profª. Edilaine, para coletar os dados sobre todas as mulheres quilombolas guaporeanas.
Tudo isso, servirá para mapear o quantitativo de mulheres quilombolas do estado de Rondônia
Dia:26
Conclui a coleta de quantitativo das mulheres na comunidade do Forte Príncipe da Beira, sobre as mulheres quilombolas.
Dia: 27
Deslocamento de Costa Marques para Porto Rolim do Guaporé, no famoso barranco Baía da Ponte. Ao chegamos fomos recebido pelas pessoas que estavam na Baía..
Cerca de uma hora depois, a voadeira da SEDAM veio nos buscar. Agora o trajeto foi feito via fluvial do barranco até o porto do IDARON em Porto Rolim do Guaporé.
Lá na sede do IDARON fomos recebido pela equipe do IDARON local e de Rolim de Moura.
O alojamento é bastante aconchegante e ficamos no quartinho de recepção aos agricultores cercados de materiais eletrônicos e elétricos, pelos quais demos o nome do nosso quarto: auto-track, pois auto-track é um aparelho eletrônico que é usado no barco pela equipe do IDARON.
Mas com todos esses eletrônicos o nosso quarto era aconchegante, mas muito gelado...
À noite fomos conhecer a feira local, onde pudemos saborear pastéis deliciosos na barranca da amiga, Marilena Tesser, cujo reencontro foi uma felicidade. A entrevistadora não a revia a anos e ambas ficaram muito felizes.
Ao voltarmos para o nosso alojamento, a equipe do IDARON tinha preparado um caldo de peixe com arroz e pirão. Portanto, tivemos de comer novamente.
A equipe do IDARON nos tratou muito bem e nos deixou à vontade.
Dia: 28
Acordamos e fomos convidados a tomar café da manhã na do Sr.Charles Pães, administrador de Porto Rolim do Guaporé e funcionário da SEDAM.
Saímos do porto às oito horas e vinte minutos com o piloteiro Leonardo Salazar com destino a Laranjeiras. A viagem é via fluvial, durou cerca de três horas. Durante o percurso paramos no porto de Suzana do lado boliviano (Sete Cruzes). D. Suzana é uma pessoa extremamente agradável, simples, trabalhadora, pescadora, enfim mulher de garra e firmeza.
Continuamos o nosso percurso até Laranjeiras, lá na comunidade pela Rosilaine Tapioci Gonçalves, na sua casa singela e já foi preparar o famoso cafezinho preto para nós.
Logo, em seguida chegou o Profº. Anderson Tapioci desejando boas vindas e solicitando o apoio e as reinvidicações educacionais da comunidade.
O profº Anderson chamou todas as mulheres para a casa de Rosilaine, para que a pesquisadora pudesse iniciar a coleta de dados referentes as mulheres quilombolas guaporeanas. Foi efetuado um levantamento quantitativo de mulheres quilombolas nessa localidade.
Atualmente a localidade tem apenas cinco famílias na comunidade.
Almoçamos com a Dona Suzana e seguimos viagem por via fluvial para Porto Rolim do Guaporé.
À noite jantamos na pousada da Profª. Osmarina, um excelente peixe, arroz, salada e banana frita.
Dia: 29
Tomamos café na pousada da Profª. Osmarina e logo retornamos para a sede do IDARON.
Por volta das 10 h saímos do porto do IDARON junto com o piloteiro Leonardo Salazar com destino a Pedras Negras.
A viagem fluvial durou cerca de quatro horas admirando as belezas naturais que o rio Guaporé oferece. Durante o nosso percurso almoçamos no Barco Rey do proprietário Renato de Cerejeiras/RO, pois havia vários piloteiros amigos da pesquisadora.
Fomos bem recebidos pela tripulação e pescadores, onde nos ofereceram um maravilhoso almoço com churrasco, peixe e outras coisas mais.
A pesquisadora ficou muito feliz por rever inúmeros amigos como: Davizão, Chupin.Tatica, Dona Andréa, Paico e Edivaldo.
Após o almoço continuamos a nossa viagem.
Chegamos a Pedras Negras por volta das dezesseis horas. Logo descarregamos o barco e subimos moro acima, direto a casa da Dona Aniceta Gomes onde ficamos alojados. O jantar foi tartaruga com arroz e feijão.
Após o jantar ficamos batendo papo com Dona Aniceta e Francisco seu filho até 21 h. Contando a vida de morar de morar em Pedras Negras.
A pesquisadora percebeu que tudo é comemoração na localidade. Havia dois aniversariantes, logo foi motivo de se reunirem no salão do dia 8 de dezembro, com organização do Francisco.
O festejo foi regado de farofa de tartaruga, vinho e velho barreiro, além de três caixas de som. Povo simples mais feliz com tanta alegria.
Dia: 30
Acordamos às sete horas. A Dona Aniceta já tinha preparado o café da manhã e estava fazendo o bodó com o ovo de tracajá.
Iniciamos a coleta de dados das mulheres quilombolas pela parte baixa da comunidade, onde se repetiu o levantamento quantitativo da cidade anterior.
Nossa coleta teve bastante êxito, pois todas as mulheres foram bastante receptivas.
Após a parte baixa nosso destino foram com as moradias próximas a margem do rio Guaporé, onde fizemos mais uma parte da pesquisa de campo, onde se descobriu que a Dona Catarina é mãe de um grande amigo da pesquisadora, o Totó da cidade de Pimenteiras do Oeste/RO.
Fizemos um kit de sobrevivência na Mercearia São Francisco, produtos muito caros devido à dificuldade de acesso a referida comunidade.
Mais tarde iniciamos a pesquisa de campo pela parte alta da comunidade dando continuidade à respectiva coleta de dados. Deparou-se com pessoas espetaculares para a realização desta.
A pesquisadora percebeu que na comunidade de Pedras Negras é a Dona Aniceta Mendes Pinheiro que é a maior liderança da comunidade, todos os moradores têm grande admiração e respeito a ela. A mesma relatou que mora há cinquenta e oito anos e tem sete filhos, trinta netos e dez bisnetos.
A Dona Aniceta tem sonho de sair de Pedras Negras, porém só não sai porque o seu filho Francisco tem um gadinho, e ela não quer deixá-lo só.
Outras pessoas muito influentes são o Sr. Apolônio França Neto, presidente da Associação Quilombola de Pedras Negras e o Sr.Francisco Edvaldo Pinheiro, presidente do Conselho Fiscal; são pessoas naturais de Pedras Negras, os quais os moradores têm respeito e admiração. São lideranças natas na comunidade.
Dia: 31
À tarde fomos para a mangueira que fica atrás da Igreja de São Francisco. Lá foi realizada uma reunião técnica com pais, professores, alunos e SEDUC/SFG e PVH, com o objetivo de verificar o andamento das aulas e do sistema de ensino na comunidade.
Coletei mais dados referentes às mulheres quilombolas que moram na própria comunidade. Também referente a coleta de dados quantitativos e qualitativos referentes aos anexos 5-6, além das pessoas que foram feitas as gravações das entrevistas, sobre a transmissão da oralidade africana e sobre as vivências, a reação a ganhos e perdas (como a morte), costumes rituais, etc .
À noite Dona Aniceta fez duas tracajás com arroz. Estava delicioso. Outra novidade para mim foi comer a muchanger.
O muchanger faz assim: Coloca os ovos, tira à clara, põe o açúcar e a farinha, diz que é uma comida afrodisíaca.
Dia: 01
Acordamos muito dispostas eu e com a amiga da pesquisadora, a Erineide; foi efetuada uma limpeza na casa. As roupas foram lavadas e o almoço foi preparado.
Ainda no período matutino terminamos a coleta de dados, iniciados nos dias anteriores.
Por volta das quinze horas, a pesquisadora se dirigiu para a casa da Vanda para responder o questionário referente à vida em geral da comunidade como também a questão do batismo, morte, nascimento, aniversários comemorados pela comunidade.
De lá fomos entrevistar a Dona Teodora, que é muita antiga na comunidade, é irmã da Dona Aniceta. Esta salientou que antigamente na comunidade tinha mais ou menos noventa famílias e que possuía cartório civil, com escrivão e juíza. Havia um belo posto de saúde disse que jamais haverá outro igual como naquele tempo.
Voltamos da casa de Dona Teodora após uma chuva de café, muita água e vento. Ao chegarmos tivemos de dobrar as roupas e passa pano na casa, devido a chuva.
Convidaram-nos para alvorada do aniversário da Mica que estava fazendo 15 anos então a minha amiga, Erineide foi logo preparando uma torta salgada de carne, para essa comemoração.
Hoje houve falta de água, mas logo Emanuel e Francisco foram buscar água nos baldes. O clima agora está mais fresquinho.
Além disso, as pessoas se mostravam hospitaleiras e receptivas; e, que ela não tem como agradecer o apoio, dedicação e hospitalidade da Dona Aniceta e sua família. Agradece ao Divino Espírito Santo e Nossa Senhora da Conceição e solicita as bênçãos e proteção para todos.
Tudo indica que a pesquisadora, já estava incorporando e/ou interiorizando as crenças e o modo de vida dessas mulheres.
Dia: 02
Acordamos às oito horas da manhã, a madrugada foi de muita chuva.
Tomamos café com bolinho de tartaruga, uma verdadeira delícia guaporeana. Dona Aniceta não sabe o que fazer para nos agradar.
O sol está muito belo, fui à escola realizar a entrevista com a Dona Francisca França Santiago conhecida por Chica, ela mora a 30 anos na comunidade. É uma pessoa muito religiosa e dinâmica.
Fui também à casa da Dona Maria de Jesus, conhecida por Peteca, agendar a hora de irmos ao sítio, pois ela é agricultora e adora ir para lida.Fiquei de ir após o almoço. Fui ao sítio da Dona Peteca às 13h30min com a Mica, sua neta, que é filha da Madá.
Fomos andando a pé, o percurso é de aproximadamente 5 km e demoramos 20 minutos.
A Dona Peteca vai diariamente ao sítio para carpir e o Sr.Mamuel teu esposo vai cortar madeira e cuidar da criação, tudo isso bem cedinho. Quando os netos chegam da escola por volta de 12 h vão com destino para o sítio. Os netos ajudam no sítio também.
Durante a caminhada para chegar ao sítio admiramos as belezas de fauna e flora que existem na natureza.
A Dona Peteca e Sr. Manuel ficaram muito felizes com a minha presença.
A pesquisadora gostou muito, pois aprecia a natureza e, principalmente, o convívio com pessoas maravilhosas, que são simples e humilde, mas tem muito a dar.
A Dona Peteca planta mandioca para fazer a farinha. Ela faz a farinha na beira do rio, é cansativo, mas é o que ajuda no sustento da família.
Peteca disse que vai fazer uma casinha no sítio, ela disse que quando eu voltar estará melhor.
Quando voltamos do sítio a tardinha, estava Eri, Emanuel, Francisco e Dona Aniceta embaixo da mangueira comendo arroz com tracajá e ovos cozidos.
Forneceu a receita do preparo da farinha de mandioca:
· Arranca a mandioca;
· Descasca a mandioca;
· Coloca de molho a macaxeira por três dias no sol quente;
· Escorre a macaxeira na prensa;
· Vai peneirar a macaxeira;
· Coloca para torrar no forno (um dia inteiro);
· Ensaca e vende para Pimenteiras e Porto Rolim.
Dia: 03
Levantamos cedo com o intuito de realizar as entrevistas com a Dona Catarina e Dona Maria do Carmo, sobre a transmissão das falas africanas e referentes aos anexos 5-6.
Passamos logo na casa Dona Catarina, mas ainda estava dormindo.
Seguimos com a Chica e sua filha até a escola, lá os alunos estavam se preparando para entoar o hino nacional.
Tiramos algumas fotografias e fui para a residência da Dona Maria do Carmo. Lá estava Dona Maria varrendo o quintal, rodeada de crianças.
Começamos a realizar a entrevista sobre o urucum, que ela utilizada para a sua própria alimentação.
Durante a realização da entrevista percebi o sofrimento e a angústia da mesma, pois a mesma ressaltou que depois que saiu da casa da sua mãe nunca mais foi feliz. Ela espera um dia ser feliz. Fou sobre um acidente onde acabou com a sua felicidade.
A história dessa senhora comoveu a pesquisdora, por tamanho sofrimento que acabaram em lágrimas e lhe foi dito: - “Um dia você achará a felicidade plena”.
Após a entrevista com a Dona Maria do Carmo fui para a casa da Dona Catarina Santiago. Estava gripada e febril, mais pude coletar um pouco da sua história.
Dela voltamos para Dona Aniceta e fomos ao castanhal com o Sr.Francisco. Fomos de carroça cerca de 3 km até o castanhal.
À tardinha Dona Aniceta foi fazer biscoitos.
À noite realizei entrevistar com a Maria Piedade e recolhi as demais fichas de entrevistas.
Dia: 04
Acordamos cedinho, preparamos todas as bagagens e ficamos aguardando a voadeira do IDARON, com o Sr.Marcão.
Chegou por volta das 8 horas. A saída foi muito triste, com muito choro por parte de todos tanto da Dona Aniceta como nós. A despedida é muito triste, pois ficamos sete dias e criamos um vínculo familiar. Obrigado por tudo mesmo, foi sensacional o apoio que tivemos com a família Pinheiro.
Às 8:20 horas partimos em nossa viagem via fluvial até Porto Rolim do Guaporé que chegamos lá já era 13 h.
Supresa: tinha mais gente alojada no IDARON.
Arrumamos as malas no nosso quarto auto-track e fomos a beira do rio, tratar os peixes para agente fazer o almoço.
A Erineide fez caldo de peixe com arroz. Após o almoço realizamos a faxina no IDARON.
Nesse dia falei com meus familiares matei a saudade de todos.
Dia: 05
Fomos à casa da Evinha lavar nossas roupas. O Sr.Ladislau veio almoçar conosco no IDARON.
À tarde foi destinada a digitar parte dos símbolos do Divino Espírito Santo na minha dissertação, já citados no capítulo quatro.
Dia: 06
Porto Rolim é uma comunidade quilombola com certidão de autoreconhecimento pela Fundação Palmares, mas na verdade é que a grande maioria das pessoas, não se considera quilombola, apesar de serem descendentes de quilombo e viver em comunidade de características quilombola. Provavelmente, isso ocorre devido ao grande fluxo de agricultores e fazendeiros na comunidade.
Realizamos a coleta de dados quantitativo das mulheres e se fez a digitação desse quadro com algumas palavras ou expressões e seus informantes.
Dia: 07
O desfile do dia 07 de setembro teve iníco à nove horas e foi bem participativo por todos da comunidade e visitantes das cidades vizinhas.
O desfile é um evento tradicional da comunidade, sendo prestigiado e esperado por todos os moradores do Vale do Guaporé.
Nos pelotões das escolas havia um representando os quilombolas, inclusive com vestimentas bem rústicas.
Dia: 08
Embarcamos para a Baía, com destino a Rolim de Moura.
Ficamos alojados na REN de Rolim de Moura.
Dia: 09
Destino de São Miguel do Guaporé, direto para a Comunidade De Jesus.
Na comunidade de Jesus fomos recebidos pelo Patriarca Sr.Jesus Gomes de Oliveira. Apresentou-nos a toda a sua família, a qual faz parte dessa comunidade.
Na comunidade há 01 igreja, 01 escola municipal que atende ensino fundamental regular e o CEEJA, que se trata de um Centro de Educação de Jovens e Adultos.
A matriarca Dona Luiza Assunção está adoentada, ficando sobre os cuidados do Sr.Jesus e suas filhas.
A comunidade é pequena e todos fazem parte da família do Sr.Jesus.
À tarde foi iniciada a coleta de dados referente às mulheres quilombolas. Foram anotados os dados de filiação, nome e idade das mulheres, sendo que foram bem receptivas. Conversou-se de maneira informal com as filhas do Sr. Jesus, a respeito da própria comunidade, como atividade diária, educação, saúde e lazer.
Foi percebido que a grande liderança é efetuada pelo Sr. Jesus Oliveira e que todas as decisões tomadas nessa comunidade necessita de sua aprovação.
Depois dessa etapa partiu-se para a sessão de fotografias com a Dona Francisca, filha do Sr. Jesus, acredita ter características marcantes africanas, cor linda e pele sem igual. Beleza negra.
Seguimos o nosso destino para a casa do Sr. Mamuel filho do Sr. Jesus, que mora na beira do rio São Miguel, portanto o percurso fluvial foi cerca de vinte minutos rio acima.
Cadastramos as mulheres que ali moram, quanto ao nome filiação e idade (dados quantitativos). Não foi efetuada nenhuma entrevista de dados qualitativos, porque a amostra não se encaixava nesse objeto de estudo.
Retornamos direto para Rolim de Moura
Dia: 10
Saímos de Rolim de Moura com destino a Guajará-Mirim objetivando outras etapas da viagem; seguindo pelo Rio Mamoré, até o Forte Príncipe da Beira, localizado na cidade de Costa Marques em Rondônia.
Chegamos a Guajará-Mirim, cerca de vinte horas.
Dia: 11
O relatório denominado Diário de bordo foi concluído, até o momento.
Dia: 12
A mestranda foi para casa da sua co-orientadora Profª Geralda Angenot em Guajará-Mirim, ela leu os meus relatórios de bordo e verificou os demais documentos que realizei durante a minha pesquisa de campo. Disse que está tudo maravilhoso e que se deve continuar nesse mesmo rumo. Ficou muito feliz, pois para ela tudo é novo e fantástico.
Foi salientado que essa pesquisa está sendo uma grande experiência à nível pessoal e profissional, além de uma valiosa fonte de valores culturais de outras etnias,que até então era desconhecida por nós.
Dia: 17
Acordamos às cinco horas para concluímos a nossa arrumação, nunca vi tanto treco para levar numa viagem.
Sr.Anastácio com Sr. Afonso foram nos buscar às 8 horas; carregamos o carro e fomos direto ao porto do CENAG, para descarregarmos no Barco Canuto.
Arrumamos nossas bagagens no camarote 2 e logo após fomos realizar a faxina na cozinha e preparar o almoço. Pois, a cozinheira ainda não tinha chegado.
Pedimos para o Sr. Vilemar buscar coca-cola e salgados, pra serem o nosso café da manhã.
A entrevistadora falou com o esposo e a mãe avisando que iríamos subir o rio Mamoré e Guaporé.
Viajamos com cerca de vinte pessoas a bordo com destino ao Forte Príncipe da Beira.
Saímos de Guajará-Mirim às quatorze horas e vinte minutos, via fluvial no rio Mamoré, até o momento à viagem está sendo super tranquila.
O barco Canuto tem capacidade para 70 passageiros, 30 toneladas; possui 04 camarotes, 4 banheiros, 01 cozinha, 01 casa ou sala de máquina.
Tripulação do barco Canuto é composta por:
§ Piloto: é a pessoa que conduz a embarcação. Nessa viagem tinha dois pilotos que fazia o serviço de pilotar em forma de rodízio.
§ Motorista: é a pessoa que fica observando a execução do motor na parte do convés do barco na sala de máquina. Sua função é ser motorista.
§ Cozinheira: é a pessoa que prepara a alimentação e cuida da cozinha por inteiro.
§ Marinheiro: é o responsável pela limpeza do barco,solta voga,coloca e retira a carga do porão.
§ Prático ou timoneiro: é o responsável de conduzir a embarcação.
§ Comandante: é o responsável pela embarcação desde a segurança da embarcação como também de passageiros.
Durante esse primeiro de viagem conheci pessoas maravilhosas como a Dona Rosa, Sr. Rubão e Nice... Gente finíssima.
Jantamos um macarrão, arroz e strogonoff, delicioso.
Após o jantar se tomou banho e realizou-se a escrita diária. Fazendo leituras do livro: Afros & Amazônicos-Estudos sobre o Negro na Amazônia e tiramos algumas fotografias.
Dia 18
A viagem ocorreu da melhor forma possível. Porém às 06h. e 30min. o tempo mudou repentinamente, o tempo mudou completamente, pois os pilotos e sua equipe de tripulação pensavam que iria chover, o rio ficou veloz juntamente com o vento.
Portanto por volta das seis horas e quarenta minutos, o proprietário da embarcação junto com sua equipe resolveu encostar o barco no barranco, com o objetivo da segurança da tripulação e demais integrantes da embarcação. Nesse exato momento estávamos entre São Lourenço e Mercedes, cerca de cento e setenta km via fluvial de Guajará-Mirim no rio Mamoré. Ficamos parados aproximadamente uma hora.
Após passar o temporão continuamos a nossa viagem via fluvial.
Auxiliou-se na limpeza do barco e a grande amiga Erineide ajudou no preparo do almoço.
Hoje o dia inteiro ficou nublado.
Fomos almoçar por volta do meio dia e meia hora e logo após resolvemos descansar numa rede maravilhosa e um vento fantástico.
Aproximadamente às treze horas adentramos ao rio Guaporé no distrito de Surpresa, que pertence ao município de Guajará-Mirim/RO.
Por volta das dezesseis horas fomos pescar com o Sr.Claúdio, Dandê e Sr.Miguel; ficamos até vinte horas e não conseguimos pescar nada. Mas, foi ótima a pescaria.
Durante o percurso da pescaria, passa-se pelo posto indígena Ricardo Franco que possui cerca de oito etnias ali localizadas.
Jantamos e fomos dormir.
Durante o dia, a pesquisadora tirou algumas fotografias e observou algumas palavras e expressões, comumente ali utilizadas:
Informante: Cláudio Roberto Maia Gomes
Zagaiar: Pesca predatória comum no Guaporé, cuja prática consiste em capturar o peixe (principalmente tucunaré), fazendo uso de uma fisga com o auxílio de uma lanterna e/ou similar.
Azular: pressa, vai embora, vaza.
Tá tocando zaráio: colocando para lascar .
Tocando bronha: Punheta (masturbação masculina).
Coleada ecológica: “dar uma” no matinho ou na beira do rio.
Dia: 19
A tripulação do Canuto seguiu viagem às seis horas, em seguida tomamos o nosso café da manhã com pão caseiro e massaco, uma comida típica boliviana feita com banana, carne de sol e farinha.
Por volta das 08 h. encostaram-se ao barco o Sr. Claúdio, Xavier e Sr. Miguel voltando da pescaria com peixes e capivaras, pois eles tinham ido pescar na madrugada do dia anterior.
Aproximadamente às nove horas e vinte minutos, o barco encalhou próxima a praia. Essa praia estava repleta de biguás.
O cabo Jader, prático do barco Canuto encontram com um machucado de arraia, então o Sr. Cláudio com o Jéferson e Xavier foram procurar o faveiro e unha de gato, para fazer garrafadas e compressas no pé. Esse povo ribeirinho acredita demais no poder das ervas, matos que a natureza oferece. Tudo isso, é cultural.
O barco Canuto novamente encalhou e aí demorou muito para a equipe do Canuto conseguir desencalhar. O motor 40 quebrou e teve de realizar o apoio com o motor 25 do Sr. Rubão. Enquanto a equipe tentava desencalhar fui realizar minhas leituras diárias e admirar as belezas que o rio Guaporé desde os biguás, pássaros, botos cor de rosa, além de um rio lindo e paisagens maravilhosas.
Almoçamos baião de dois, vinagrete e peixe frito. Tudo estava delicioso.
A tarde foi de muito calor e novamente o barco encalhou na Casa Alta, local que eles chamam no rio, fica a duas horas do Forte Príncipe da Beira num motor 40. A equipe do Canuto tentou várias vezes desencalharmos, mas não obteve o sucesso. Portanto a tripulação conversou e decidiram que teriam de ir ao Forte Príncipe da Beira solicitar apoio e voadeiras com motor 40 para tentar desencalhar o Canuto, visto que há uma carga de 16 toneladas do exército do Forte.
Então seguiram para o Forte o Sr. Jader do barco Canuto e os soldados do exército, para solicitaram esse apoio.
O Dandê preparou a capivara na calda do abacaxi. Jantamos e fomos descansar.
Salienta-se que toda a equipe do Canuto trabalhou bastante durante os encalhamentos. A natureza é fenomenal.
Dia: 20
A pesquisadora foi tomar banho e foi tomar café da manhã. Estávamos encalhados até dez horas, quando chegaram à equipe do exército com a chata e duas voadeiras com motor 40 e começaram a retirar parte da carga das cerâmicas.
Conseguimos sair do encalhamento aproximadamente às dezesseis horas, após o exército retirar parte da carga.
Hoje o casal Sr. Rubens e Dona Rosa, passageiros do barco, estão fazendo quarenta e cinco anos de matrimônio. Então, nós mulheres resolvemos organizar uma festa surpresa com bolo, champanhe, lembrancinhas e decoração. Além da montagem de slides sobre a vida conjugal dos dois e mensagens dos amigos, tripulação e demais convidados do barco Canuto.
Continuamos a viagem até o Estirão do Ouro Fino onde dormimos lá mesmo. Comemoramos à noite a festa surpresa do Sr.Rubens e Dona Rosa. A festinha foi maravilhosa e eles ficaram muitos felizes com a nossa criatividade.
Dia 21
Ao acordarmos tomamos o café da manhã; lavamos roupas e cozinhamos. Fomos pescar.
Dia: 22
Uma turma foi pescar na baía e o proprietário do barco foi ferrado por arraia.
Nós fomos ao Forte Príncipe da Beira buscar gasolina, água mineral e alguns produtos alimentícios para o barco Canuto de voadeira. Retornamos até o ponto em que o barco se encontrava.
Dia: 23
Assim houve o retorno para Porto Velho/RO.
FOI UMA VIAGEM MARAVILHOSA,AGRADEÇO A TODOS QUE DERAM APOIO.FICOU OTIMO LIANA, QUE DEUS ABENÇOE VC BJS (EMANUEL ROBSON S. DE ALMEIDA).
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